Foco narrativo

Sou suçuarana

Amigos,

Vamos falar um pouco mais sobre técnicas literárias? A perspectiva do autor em relação aos acontecimentos de uma história é chamada de foco narrativo, o qual varia de acordo com os diferentes pontos de vista que o narrador assume no texto. O foco pode se manifestar de duas formas: o narrador se posiciona dentro da história como personagem (primeira pessoa) ou o narrador tem uma visão de fora do enredo e passa a ser observador onisciente e onipresente (terceira pessoa).

Mas e se o personagem for uma onça? Como o jornalista vai buscar ver o que ninguém viu, entender o que ninguém entendeu, sentir o que ninguém sentiu e compreender o que ninguém compreendeu se ele tem a difícil tarefa de ser uma onça? Como ele vai perceber o que não foi dito e imergir no ambiente desse personagem?

Em um dos textos mais característicos do estilo de Ivan Marsiglia, repórter do caderno Aliás do Estado de São Paulo, ele conta a história de uma onça que deu as caras na beira de uma rodovia. O fato, ao contrário do que era esperado, foi reconstituído do ponto de vista, e com o “linguajar”, da onça. Mais do que simplesmente informar, o jornalista foi capaz de entregar uma grande história ao leitor. Quer ler? Clique aqui.

Além de personagem do texto de Marsiglia, a suçuarana é também conhecida como onça-parda ou puma (Foto: Divulgação)

Além de personagem do texto de Marsiglia, a suçuarana é também conhecida como onça-parda ou puma (Foto: Divulgação)

 

-> DICA DE LIVRO 😉

CapaPoeiraBaixa-202x300A POEIRA DOS OUTROS (Editora Arquipélago, 2013) – “Sou suçuarana” é uma das vinte reportagens reunidas no livro “A Poeira dos Outros”, de Ivan Marsiglia. O repórter demonstra se interessar pelos mais diversos assuntos, mas nesta obra é possível identificar uma preocupação recorrente: contar histórias que revelem ao leitor episódios obscuros do passado, e também do presente, do país. Isso pode ser visto no perfil do juiz que, ainda em plena ditadura, condenou o Estado pela morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida em 1975, ou no relato da movimentada e violenta madrugada de sábado em um pronto-socorro na periferia de São Paulo.

 

Boa leitura!!! 🙂